Considerado o tipo de demência mais comum (60% dos casos), especialistas estimam que o Alzheimer atinja cerca de 1,8mi de pessoas no Brasil. Relacionada principalmente ao envelhecimento, a doença é um alerta cada vez mais preocupante à saúde pública no mundo.

Saiba mais sobre o Alzheimer e os fatores de prevenção!

BoletimMed – Alzheimer

Diferente do que se imagina, o Alzheimer é uma doença que não tem origem genética e está ligada a fatores externos em mais de 95% das situações. De acordo com o neurologista e professor da MedUnisa, Dr. Rodrigo Schultz, os casos hereditários com herança autossômica dominante, autossômica recessiva e os ligados a alguns genes, como presenilina 1 e 2, apresentam uma incidência menor.

Além disso, o professor explica que alguns genes podem conferir uma espécie de proteção contra a doença em alguns indivíduos. “É possível notar que existem pessoas com 90, 100 anos que não desenvolvem a demência. Ou seja, ela virá mais tardiamente. Isso ocorre, pois, de certa forma, existe a propensão e até preservação a um favorecimento genético”.

Fase inicial do Alzheimer

É comum notarmos a presença do Alzheimer quando a demência é iniciada e os primeiros sintomas aparecem. Schultz, porém, afirma que existe uma fase pré-clínica assintomática na qual surgem alterações patológicas.

Segundo o médico, que preside a Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz), as placas senis entre os neurônios (formadas por proteína beta-amiloide) e os emaranhados neurofibrilares intraneuronais começam uma, duas décadas antes dos sintomas.

Na fase inicial da demência pode haver o chamado Declínio Cognitivo Subjetivo (ou queixa subjetiva da memória). Nele, não há impacto no dia a dia e as avaliações e testes de memória, linguagem, atenção e funções executivas não apresentam nenhuma anomalia.

Em uma segunda etapa, ocorre o chamado Comprometimento Cognitivo Leve (CCL), fase pela qual passam todos os pacientes que evoluirão para demência. Nela, geralmente existe uma queixa de memória, a qual é corroborada por testes visuais e verbais. “Nota-se o comprometimento, mas não existe nenhuma ou uma mínima interferência nas atividades instrumentais e básicas da vida diária”, comenta o neurologista.

Schultz também esclarece que temos cinco domínios estabelecidos: memória, linguagem, habilidades visuoespaciais ou visuoconstrutivas, as chamadas funções executivas e o comportamento.

 No CCL há o comprometimento de pelo menos um domínio; na demência, de dois ou mais junto com um pequeno prejuízo nas atividades diárias em casa ou no trabalho. “A pessoa acaba se perdendo, esquece os compromissos e senhas, deixa de tomar os remédios adequadamente. Dentro de casa, é comum esquecer uma receita ou o fogão ligado. Também podem surgir alguns distúrbios comportamentais, como a depressão e a ansiedade”, exemplifica.

Fase intermediária

Em uma fase moderada, passa a existir a necessidade da presença de um cuidador — seja um profissional da saúde ou familiar — para auxiliar o paciente com Alzheimer em atividades básicas de higienização, por exemplo.

Nesse momento, a memória é perdida no mesmo dia e dificilmente o paciente recorda-se do que fez no dia anterior. Os distúrbios de comportamento são acentuados, ocorrem delírios, alucinações e situações de agressividade. “Fica tudo muito mais difícil do ponto de vista de comportamento e funcionalidade”, aponta o médico.

Fase avançada

É a fase mais longa da demência. Schultz alerta que é incorreto pensar que o indivíduo vive acamado e não faz mais nada. “No início, eles deambulam e conversam, mas não se comunicam bem. Apresentam dificuldade para nomear objetos, têm poucos fragmentos de memórias e existe a necessidade de auxílio para atividades básicas. Isso caminha para fases bem avançadas, nas quais a incapacidade é completa,” diz o médico.

Diagnóstico do Alzheimer

Para o diagnóstico precoce é fundamental que os profissionais de Saúde estejam sempre atentos às queixas para fazer a indicação de um acompanhamento especializado. Por esse motivo, é preciso fazer as perguntas corretas e ouvir com atenção tanto o que é dito pelo paciente quanto pelos familiares.

O professor indica uma avaliação cognitiva breve, além de testes, rastreio e baterias de exames, como o mini exame do estado mental, o MoCa; e outras escalas que avaliam os domínios citados anteriormente.

“É possível identificar quais domínios estão comprometidos e em qual grau. Além disso, é fundamental perguntar sobre os aspectos comportamentais. Os exames subsidiários colaboram também, mas pouco; e alguns exames de sangue podem excluir algumas doenças que agravam o déficit cognitivo (como hipotireoidismo e doença B12)”.

Exames de nano imagem, como a ressonância, também podem auxiliar no diagnóstico, pois podem excluir lesões vasculares, alvo de muitos desses déficits cognitivos e das causas de demência.

Schultz também menciona que existem outros exames e testes sendo analisados para, no futuro, ser possível um melhor diagnóstico.

Fatores de risco

De acordo com um artigo publicado pela psiquiatra Gill Livingston em 2020, os medicamentos não são o único caminho a seguir e alguns fatores de risco podem e devem ser modificados. Além disso, especialistas estimam que, atuando nesses fatores, é possível reduzir ou retardar as demências em 40%. São eles:

  1. Pressão arterial
  2. Baixa escolaridade
  3. Perda auditiva
  4. Tabagismo
  5. Obesidade
  6. Depressão
  7. Sedentarismo
  8. Diabete
  9. Baixo nível de convívio social
  10. Consumo excessivo de álcool
  11. Lesões cerebrais traumáticas
  12. Poluição do ar

“É possível promover um acometimento tardio do Alzheimer, mas isso não significa que a pessoa não vai tê-lo. E seria maravilhoso se fosse possível fazer com que um senhor não tenha demência aos 70 e sim aos 80!” diz Schultz.

Tratamento

São dois tipos de tratamento da doença, que podem ou não ser realizados em conjunto:

  • Não farmacológico, que envolve o acompanhamento de um fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional ou psicólogo para o exercício e treino de atividades cognitivas.
  •  Farmacológico, que utiliza medicamentos para o controle e melhora dos sintomas.

“Existem 143 drogas em estudo e esperamos que algumas delas sejam aprovadas!”, torce o neurologista.

Associação Brasileira de Alzheimer

Como presidente da Associação, o professor Rodrigo Schultz reforça a importância dessas instituições como um elo entre os especialistas e a população. A ABRAz atua em três vertentes:

  • Informação e capacitação dos profissionais da área da Saúde em congressos e simpósios;
  • Instrução e informação aos cuidadores, familiares e pacientes por meio das redes sociais, grupos de apoio e eventos;
  • Intermédio de políticas públicas e relações com órgãos governamentais.

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